terça-feira, 22 de junho de 2010

Pátria Minha

PÁTRIA MINHA

Disse um dia um poeta:

Minha pátria, minha língua!

E eu que tenho tantas

Tornei-me apátrida.

Nasci em país livre,

pai italiano,

mãe portuguesa

Tornei-me luso-brasileira.

Cresci em escola francesa

de segunda a sexta,

Aprendi “La Marseillaise”.

Vivia francófona.

Aos poucos fui expatriada:

era estrangeira para minha vida

fosse ela na língua que fosse.

Brincava em francês com amigos,

Que não conheciam festa junina.

Sentia saudades em português,

Por falta do sentido em outra língua.

Vibrava em espanhol,

Nos versos de San Juan de la Cruz e Pablo Neruda

Cantava no telefone em italiano,

Para lembrar que Roma era minha casa.

Ia ao cinema em inglês,

Para me perder entre América, Europa e Austrália.

E chorava ouvindo o Hino Nacional

De todos os países

me escondi na elegância francesa,

no sotaque português,

na paixão espanhola,

no carisma italiano,

na certeza do inglês.

Me descobri fragmentada em diversas línguas.

Misturei os países, sou muitas pessoas

me sinto dona do mundo.

Me sinto repatriada em mim.

Sou minha pátria minha.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Pausa para o seu pensamento.